Acabei de ver o filme »Control» de Anton Corbjin.
O Homem é um génio, falo de Corbjin, o fotógrafo. Os planos são brilhantes, fotograficos e brilhantes.
Pura fotografia. Ou seja, ausência de imagem mental predefinida. Tal como o Buracão - essa fraude - nos quis impôr, com as suas estrategias academistas.
Corbjin, um mestre do olhar, que vê o que mais ninguem vê, e por isso sabe o que mais ninguem sabe, o que não se aprende nas escolhinas, mostra um filme absolutamente sentimental, mas de uma racionalidade soberba.
Corbjin soube desde o incio que balencear razão e sentimento era a tarefa do fotógrafo. Ou o do grande pintor. Mas ele preferiu ser fotógrafo, arte muito mais dificil do que ser pintor.
E Corbjin, vai ainda pela via mais perigosa: o ícone. No entanto tem a ampara do ícone. A musica do ícone.
É um filme acerca de Ian Curtis nos Joy Division.
Para mim é o maior acto de mestria que se poderia ter feito na cultura doc XX. E provavelmente do sec XXI.
Claro que Corbjin omitiu muitos factos. Mas a essência de um mestre não é ir aos factos é ir ao essencial. E o essencial para Corbjin é a vida de Curtis que nomeou os Joy Divison como uma das principais influencias musicais do final do seculo XX.
A meu ver só há uma critica a Corbjin: a demasiada incidencia na vida de Curtis. Sem aplanar a influencia que outros tiveram nele, na sua poesia.
Mas a bem pensar, para quê?
De resto é uma obra de mestre. É uma recuperação de fotografias e da imagética de Peter Saville e dos Joy Division da época.
É uma colocação fotografica da cãmara. Sem grandes movimentos, numa capacidade sintetica que Hollywhood e os "genios (?)" europeus nos querem fazer esquecer.
«Control» é a mais brilhante obra prima do cinema desde que se conhece o cinema. Porque o fez num vazio. Tal como Ian Curtis e os Joy Division se criaram num "vazio". E o vazio é a unica hipotese de criação. O "drama" da vida de Curtis revela muito bem isso.
Tomara muitos putos terem hoje a oportunidade de vazio que era desleixada naquela época. Hoje é tudo Controle social. Até nem se pode fumar.
Control não tem truques nem é feito para cofrontar a trupe cinefila. Éum filme de um fotógrafo. De um homem que tem olho, não dos que pertencem aos cegos da trupe cinefila.
E o ouvido. Por isso escolheu os Joy Division.
Escolheu? Não me parece. Estava-lhe no coração. Legou-lhe Curtis.
Control não dá a entender a complexidade de Ian Curtis. Mas é o filme mais profundo que conheço acerca de uma vida.
O mais profundo. Porque vai ao intimo da escrita de Ian. Dos seus mais intimos pensamentos e sentimentos. E sem qualquer cor. Ou seja, sem concessões.
Não é o melhor filme que já vi. Porque o cinema é só por si, uma arte horrorosa. É simplesmente o melhor filme de dizer ao cinema aquilo que o cinema poderia ter sido. Uma arte profunda e significativa. Coisa que o cinema insiste em não ser.
E tal como a noite, o cinema insiste em ser mais um negócio.
Esquecendo-se do vazio criativo.
O vazio é onde se cria.
Por isso Control não é um filme, e por isso não é o melhor filme que já vi.
É apenas uma obra prima, e das obras primas que conheço, digo-vos que não sei.
Não sei mesmo.
Alguma coisa acaba de começar. Como dizia Beckett.
Que se foda o putedo.
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