Subitamente a sociedade portuguesa atingiu indices europeus. Mas de criminalidade.
Um conhecido sociólogo dizia, há anos atrás, que Portugal para se integrar na Comunidade Europeia teria de conhecer as suas vantagens. mas também os seus prejuízos. A criminalidade está aí, e fez de Portugal o 3º país no Campeonato Europeu da Criminalidade 2007. No ranking, logo a seguir à Letónia e à Polónia.
Não sei que Scollari está a treinar os criminosos portugueses. Mas noto apenas uma coisa: alguém está interessado (obviamente quem tem "interesses") em dividir a sociedade portuguesa. Para reinar. Espero que consiga. Boa sorte.
Numa recém criada democracia não é invulgar haver quem se ache mais democrata que outros, quem saiba melhor que outros o que é a "ordem publica". Seres domésticos e domesticados os portugueses perderam a noção de Liberdade, em troco da segurança. Já não sabem que são um TODO. Acham que estão separados uns dos outros. E até compraram telemoveis massivamente para que não percam nada do que os outros estão a fazer. Agora, vaidosinhos, são classes.
Filminho ao fim de semana e alegrias do Lar. Salazar não esperava tanto. Nem tonto. À domesticação, à indiferença e à cultura do entretenimento os portugueses chamam ordem publica. Este é o Pensamento Unico português. É o que há. Não têm culpa. São os professores que lhes damos que lhe ensinam isso. Os media que temos.
A onda de criminalidade e de crimes violentos (principalmente os recentes da noite do Porto) compreendem-se com a sociedade debil que Portugal criou nos ultimos anos. Isolada, domesticada e empobrecida, não resta a esta sociedade senão pedir ajuda, pelo meio mais desesperado: o crime.
Porque não há, no quotidiano, quem os ajude. O estado fugiu para os interesses (interesses outra vez??!) económicos. Os partidos politicos para as revistas de coração, a sociedade intermédia para os galinheiros. Não resta senão aqueles que excluidos por uma sociedade contentinha se tiveram de "virar". Hoje em dia, em Portugal, sair sozinho à noite é quase só por si um acto criminoso - a não ser que pertença a uma repartição publica.
O que é que ainda funciona em Portugal?
As instituições do estado que deviam proteger os seus cidadãos estão longe deles. E são gaiola de dois ou três exemplares de aviario. Simplesmente não funcionam. (Já alguem foi a uma repartição de finanças? Aquilo é literalmente propriedade dos seus funcionários, com as suas "private jokes" os seus joguinhos informais, para que nada funcione. E o estado que não pode descurar os proximos votos chama-lhes apenas "marotos").
Em Portugal, qualquer instituição é propriedade, uma coutada, daqueles que lá se arranjaram nas suas vidinhas. A vocação para quem as instituições se direccionam perdeu-se. Não se sabe muito bem porque existem, principalmente os que lá habitam, os seus funcionários.
Não me admira o desespero com que os portugueses se debatem hoje. Uma sociedade que adora "gerir a crise" (até parece que não sabe viver de outra maneira senão em crise, adoram os pobrezinhos, os debeis, e mantêm-nos assim eternamente em vez de o ajudarem á emancipação). Isto acontece porque os detentores da tecnologia social adquiriram um estatuto que os seus pais nunca tiveram. E não estão preparados para abrir mão disso. Esta sociedadeziha gosta de manter um status quo artifical e muito perene. Triste até.
Isolada, a sociedade portuguesa não tem senão medo. Medo da policia, medo dos criminosos, medo dos tribunais, medo da justiça, medo de ser despedida, medo do patrão, medo de dizer o que pensa. E do que não pensa - não vá o céu cair-lhes na cabeça. Medo dos velhos, medo das crianças, medo dos carros, dos peões. Medo das bruxas, do Tarot, de quirómanos, astrólogos, psicólogos, sociólogos, advogados. Até de musicos.
Os jornais têm medo de exercer a sua função libertária. Têm medo dos lobbies, da justiça, da censura publica. Medo de serem quem são e de exercerem a sua vocação.
A sociedade portuguesa recente tem medo de perder - e acaba por estar sempre a perder. A perder o essencial que é viver. Em LIBERDADE.
E medo não é LIBERDADE.
Este medo têm uma razão: os portugueses acham que o futuro, o seu futuro, está, esteve, ou estará em causa. Nunca esteve. Nem estará. Porque pensam eles que são assim tão importantes?
Por medo.
E o medo gera injustiça.
E o medo não é liberdade.
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