Só uma sociedade sem história gosta da Paula Rego.
Não porque ela faça história: fará, mas pelas "mais-valias, não pelas suas mamas". Porque quem gosta de história sabe que a Paula Rego não ficará na história. Porque, coitada, gosta demasiado de história. E a vida e a obra dos vivos não é feita de história nem de futuro. Mas de Presente. O presente que a Paula Rego nos traduz é o da ideologia do ressentimento feminino - tal coisa não existe, é uma ficção feminista interesseira e comercial. Onde Paula Rego, e as suas galerias, vingaram.
Os seus bonecos não são mais do que isso: bonecos. Não são são uma consciência nem um trazer. Muito menos um arrumar da casa.
Mas têm a coisa boa que é o seu lado combativo. Perene, mas combativo. E alegremente frágil. Não é Magrite na pintura - nem pensar -, nem Duras na arte da imitação da literatura. É apenas uma mulher que tentou vingar a vida. È isso que fica de Paula Rego. Essa que em breve vai ter connosco.Os quadros de Paula Rego são a confirmação ideologica de uma futurista que ficou para trás. Não são o passsado - muito desse "passado" foi vivenciado libertariamente e a que Paula Rego não deu importância, por ela mesma estar sobrecarregada pela ideologia que ela pensa que a "mutilou". Os livres vêem liberdade. Os tiranos, tirania. Os castrados a castração. Os avançados o seguinte.
Só por ser gaja, genero, foi-lhe atribuida uma importancia que ela não tem. Ou alguma vez terá. Mas fica na história como "gaja", não como pintora. mas como pelo poder concessionário de outras gajas primárias e ignorantes, gajas de uma época falida. Nem putas nem senhoras, apenas seres assexuados com próteses. Paula Rego ficará para a vida. Não para a obra, como Beckett. Ou Magritte.
A assexuação pelo ressentimento: esse é legado de Paula Rego.
Ou a cobardia.
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