sábado, 21 de junho de 2008

U2

Foi a "minha" primeira banda. Não gostava a sério dos Clash, nem dos Sex Pistols. Eram bandas de comedia. Os U2 foram a minha primeira banda. Aquela de quem eu gostei no primeiro relance. Num programa de Luis Filipe Barros, e a canção chamava-se "I will follow". A partir daí nunca mais esmoreceu. Havia uns carreiristas, umas gajas, tipo Miguel Esteves Cardoso que iam mais para o lado Joy Division e New Order. E a sua influencia era tão grande que eu acabei por perder o primeiro amor. Acho que eles fizeram isso porque tinham perdido o seu primeiro amor, ao gostar de Joy Division e New Order. Os Joy Division têm duas ou três canções excelentes, os New Order, no total, um album duplo. A vida de Miguel Esteves Cardoso, um Single.
Os U2 foram sempre uma banda excelente porque eram coesos. E a coesão é o que transmite a sua musica. Os Joy Division transmitem "confusion". A minha segunda banda foi portuguesa. E chamava-se GNR - foi o primeiro concerto que vi, Na escola Secundária de Ermesinde, onde fui eu e o Chico, de motorizada que ele roubou ao pai. Ouvir musica na altura era uma aventura. Hoje é motivo de chacota. Mas na altura era como conhecer um novo planeta. Os comediantes que não têm comedia não perceberam nada porque são televisivos. Ir de motorizada era a unico meio de transporte. Hoje temos carros comboios e metro. Na altura não havia nada. Ia-se a um concerto com o que havia. Hoje não se vai porque não se sabe como ir ou o que vestir
.Ia-se ter com uma namorada, à noite, com uma motorizada roubada, sem luz - e não raro cruzavamo-nos com outra motorizada sem luz. Hoje a Europa deu-nos "luz". Não se enganem: a motorizada chamava-se "Lebre", mas nós vestíamos Levis's e Fred Perry.
Que não haja dúvida!
Nesse concerto, Reininho cantava mal como sempre cantou - não vais agora ser sensivel pois não? - e havia uma loura vestida de cowboy - a tal oxigenada. Alexandre Soares empunhava uma segura guitarra vermelha. Toli lá éstava na bateria. E só mais tarde soube que havia um baixo, porque ele era péssimo. Talvez um Ruas.
Os GNR abriram-me a porta para estar com a musica ao vivo, coisa que a musica pimba fechou, e o Labirinto também, e as gajas pimba que começaram a frequentar os GNR. Os U2 e os GNR abriram-me a porta para a musica pop e rock, coisa que a rádio tentou fechar. Os Motorhead abriram-me a porta para o pior da vida. Os Joy Division e New Order abriram-me a porta para a classe media e mediática, não passam disso.
Entretanto houve os Echo and the Bunnymen, com o album genial "Heaven up Here" que ouvia repetidamente. Mais tarde os Chameleons - embora os Chameleons tivessem sido influencia dos Echo. Nunca fui David Byrne.
E depois nos fins de oitenta a febre da dança para esquecer a miseria fazia-me comprar os mais impensáveis albuns: desde Thomas Dolby - não tão mau - a Mike Oldfield - decididamente mau. Até que os Duran Duran sararam tudo com Girl on Film - para o povo. Os Classic Nouveaux os Spandau Ballet, mas logo simultaneamente os Saxon, os Motorhead, e o negrume acólito. Hoje, volta e meia revisito essas bandas. Mas a maior que estou a revisitar são os U2. Não por serem os "maiores". Não exite tal coisa. Mas por terem enveredado pelo seu proprio processo e acreditado no que havia para acreditar. Comprei em Vinyl os primeiros 4 albuns dos U2, Mas a partir do momento em que me pareceram tornarem-se num movimento de massas, apenas pelo movimento de massas, deixei de comprar. A minha ultima compra U2 foi "Unforgettabale Fire. Mas não me deixaram de surpreender mais tarde com as canções em "der Himmel ubber Berlin" e Achtung Baby - a obra prima dos U2.
Hoje estou a fazer uma selecção de musicas que gravo em CD para um pequeno aparelho de cozinha, que escuto enquanto cozinho. E detecto a quão grande banda que são esta banda? Eu disse banda? Desculpem isto não é uma banda.
Isto é uma Mensagem. A de Bono, Larry Mullin, Adam Clayton e Edge.
Não passa disso.Daí a mensagem.

P.S. O Xutos e Pontapés foi um dos primeiros albuns que eu comprei antes dos Setima Legião e fez umas mossas locais - aqui na terra - em que ouvir Ave Maria em versão Rock era um insulto. Não gosto dos Xutos actuais, como não gosto da Radio Renascença actual. São os mesmos, porque não se perceberam uns aos outros. E criaram uma identidade falsamente acólita. Pelo menos os GNR sem provocar, continuam sem alvo. E provoctivos. Sem saber exactemente o que provocam. Foi isso o que U2 trouxeram de novidade. Os GNR em Portugal. Os Xutos foram sempre para mim, uma ideia SAXON. Provocativos mas sem provocar o futuro. Como os Police. Só tive o primeiro LP dos Xutos, embora não gostasse de os conhecer, nem aliás a nenhum musico português vivo ou morto.

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