quarta-feira, 14 de novembro de 2007

AURÈLIO (Dacasca, Cais, Lux)

Foi meu amigo do liceu.
Não da minha turma senão tinha-se tornado como eu.
O Aurélio foi sempre popular na sua maneira discreta de ser. Uma Espécie de Ying do ser. Claro que havia nele um Yang. Ou o inverso.
Na sua distância nunca deixou de me respeitar - e, por isso, eu a ele. A si e aos que o rodeavam Aurélio deixou sempre uma "aura" no ar. Uma aura. De liberdade. Por isso nunca me admirei muito quando o encontrei de Mercedes SLK e/ou Ferrari.

Nunca temi respeitar ninguém. Desde que o não me exijam. E Aurélio não exigia respeito. Por isso tinha-o. Por si mesmo. Primeiro.
Os respeito dos outros eram um reflexo do respeito que tinha por si mesmo.

Nunca exigi uma "porta".
Ao longe, olhando-o, deixava-o fazer o seu trabalho profissional. Eu, que normalmente saio, por opção, so"zinho". E se há um amigo ou amiga que precisa de festa estava lá para eu o/a entreter da maneira como sabia.
Quando me colocava diante da porta, fazendo-me visivel, ele notava-me ao longe. E sabia o que eu queria. Entrar. Por vezes, um olhar era o suficiente para esperar ou para partir. Ele conhecia as pessoas. Sabia transmitir, da sua porta, quando era possivel ou não entrar numa das discotecas em que ele deu a cara. Cheguei a entrar com cinco amigos, ao mesmo tempo. Já para não falar na festa privada dos Madredeus no Dacasca.
Cheguei entrar com amigos, gajo-gajo, no Cais. Solitários sem convicção. Ele conhecia os tipos.

Aqui há uns dias, vi , de relance, uma noticia num jornal que um porteiro tinha sido morto a tiro. A mim deu-me em nada. Ao tempo que estou afastado de discotecas. Mas, meses depois, disseram-me que o elemento que os jornais noticiaram tinha sido o AURÉLIO.

Acreditei de imediato.
Por uma razão: a noite é tão má neste momento que nem vale a pena saír.
AURÈLIO estaria numa trapalhada financeira, dizem. Não acredito. O que acredito é que se deixou de investir na noite em favor das trevas. E alguém, estava por detrás disso: a policia de Amsterdão.
Os "bont-vivants" de outrora, que Aurélio apoiou e ajudou a criar desapareceram.
Apareceu uma nova fauna: os ambiciosos. Os que tentam impor a sua lei. A policia de Amsterdão. Tentam impor porque não há lei nenhuma. Para eles.
Vêm de pretensamente de "Passos de Ferreira", Vem de um inferno e "tentam" criar um novo inferno. Para viverem no paraíso que tentaram criar.
Vêm do funcionalismo publico, são empregados descontentes. Que deixaram de ser criativos. E a maior vitima "será" sempre a mais visivel - isto é quase uma lei policial. Excepto para a Policia de Amsterdão.
O Porto mudou. Mas não para melhor. Tal como país. Abriu-se uma caixa de Pandora para que a maior parte dos bichos que nunca viu a luz ficasse deslumbrada com o seu aparente poder.
Foi o aparente poder de um bicho que o instigou ao assassinato de Aurélio.
E esses bichos estão na policia. De Amsterdão.
Esses bichos estão num estado final. Em ruptura, que tentam salvar a todo o custo. Porque lhes deu o que nunca souberam querer.
Esses bichos estão disseminados.
Estão nas competições.
A bicharada está em todo o lado. O Problema é que eles não sabem, dizem, que são bicharada e os politicos demagogos incentivam-nos, mais e mais. "Emancipem-se" dizem os politicos actuais, resguardando a sua pretensa popularidade. "Emancipem-se". Parecem a critica de arte dos anos 90.

A violência de morte que Aurélio sofreu não foi por acaso. Talvez ele próprio soubesse disso antecipadamente.
Eu que deixei as discotecas há anos, hoje pergunto: ONDE ESTAVAM OS AMIGOS DE AURÉLIO, NAQUELE MOMENTO?
Onde deviam estar?
Presumo. A conspirar sempre contra os que mais vos querem e vos alimentam. É uma lei Universal!
Não tem sido sempre assim desde o principio da história animal?
Mas não desde que estamos juntos.
Muito menos desde que deixamos de ser animais.

Foi um animal que matou Aurélio: Foi outro animal que permitiu que isso acontecesse.
Essa foi a mensagem que AURÉLIO deixou.
A mim.

Sabem uma coisa?
Agradeci sempre uma "porta".
O Aurélio sabe disso.
Fica entre mim e ele.

Não sei quem matou Aurélio, nem as causas.
Nem isso interessa.
Mas sei que não foram os seus "inimigos". Os mesmos que, por oposição, o ajudaram a ser quem se tornou. Nenhum inimigo mata inimigo. È um principio Universal.
Sei que Aurélio "sabia" umas coisas. Acerca de "certa" gente. Muito incómodas. Muita gente sabe isso. O Gato fedorento e a sua versão populista não gosta. Porque sabe isso.
Mas a noite continuará e as trevas são apenas um indice da proxima claridade.
Day and night...i'll be the one. (Sinatra, ou Aurélio?).

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