sábado, 15 de março de 2008

Folgosa, a sua industria maiata e sagaz.

Vivo numa terra chamada Folgosa. Não procurem no mapa porque vos pode ir dar ás Filipnas ou pior: Ermesinde.

Em Folgosa tudo é giro, as elites andam de Mercedes, os operários de Famel, e isso. E até os lavradores têm tractores. Tudo como a classe media previu. Ou gerou. Ou pensou que gerou. Folgosa é um achado arqueológico, mas só para arqueólogos vanguardistas. Porque os artefactos que encontrarão são os de gente que viveu no seculo XIII aparentando ser do seculo XXI. E isso será mais rapidamente encontrado se escavarem, por exemplo, em Matosinhos, uma terra que não tem nada a ver com Folgosa mas onde a sua influencia gera uma vitalidade inusitada. A própria vitalidade de Matosinhos.

Vivo numa terra chamada Folgosa. Na Maia. Essa sagaz qualidade urbana. Gente intrepida. Para chegar onde mais ninguem chega, na verdade onde mais ninguem quer chegar. A não ser o meu vizinho que é engenheiro e se entretem nas diversas maneiras de aguentar as pontes que outros engenheiros não souberam construir. Sagaz. O meu vizinho. Ou o engenheiro que construiu a ponte? Não se sabe. Portugal é um mistério. Os engenheiros tambem. Já para não falar nas pontes.

Vivo numa terra chamada Folgosa, Sagaz na sua sexualidade, não é por acaso que tem uma igreja matriz dedicada ao São Salvador que não tem nada para salvar - pobre homem desempregado. Mas isto faz de Folgosa um icone religioso para os que nela nasceram, Essa classe de gente que anda lá fora a lutar e isso.

Vivo numa terra chamada Folgosa em que o presidente da autarquia foi nomeado e eleito com um projecto para a sua familia de amigos. Mas mesmo isso não parece ter conseguido concretizar. Porque ou ele ou os seus amigos se vestem mal? Não só. Mais porque ainda não encontrou amigos suficientemente vestidos? Um mistério.

Vivo numa terra chamada Folgosa. É na Maia, uma das maiores da Europa, senão a maior, tirando Barca. As elites locais andam com um Mercedes, as não locais com dois Mercedes ao mesmo tempo. Isto é Folgosa, a maior vilareja e aldeia do mundo simultanea-mente, Tirando Barca. Ou Paris. Geminadas.

Vivo em Folgosa. Um local genial que escolhi para viver. Tirando o orçamento que tenho para me mudar para Nova Yorque é o melhor local que encontrei. Quer dizer o que se assemlha a um Central Park sem as árvores. E Seinfeld sem as gajas. E isso.

Vivo em Folgosa. Na Maia. Não trocava isto por nada. A não ser que Nada fosse uma marca de conhaque, ou de tabaco, ou vinho. Ou o premio de uma viagem para Barca. Ou simplesmente para não me lembrar porque raio escolhi esta vida. Ou porque me incomodei com isto.

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