sexta-feira, 7 de março de 2008

A "violência" em Portugal e quem está a ganhar com ela: o Estado

Subitamente os portugueses encontram-se diante de actos de "violência".
Parece que os actos de paz em Portugal não são noticia. Mas são estes os tempos mediáticos.
Nada que se compare com a violência politica de outrora? Não me parece.
É pior ser assaltado pela Pide, por elementos do Estado, pelas suas arbitrariedades?
Ou este tipo de violencia é apenas para branquear a que existiu, e provavelmente está a alimentar a actual?
Os portugueses com o seu choradinho, são sempre "vitimas", essa raça. Danada para a brincadeira.
A violencia em Portugal é um facto. Passou do Estado para sociedade. No entanto, o Estado não deixa de ser violento, falo por mim. Até hoje, só fui agredido fisicamente pela policia. A paranoia instalada em Portugal deriva de um fenómeno simples: a coesão social foi fracturada pelo autoritarismo e arbitrariedades do Estado e dos interesses corporativos e empresariais. Pelo centralismo das decisões, e felo federalismo centralista e cego.
Para que os portugueses abdiquem da sua liberdade em prol do poder que concedem a Bruxelas, só lhes resta reinvindicar segurança.
Na verdade é um fenomeno sinistro da sociedade contemporãnea: a sociedade exige mais segurança, mas está disposta a abdicar da sua liberdade.
É um fenómeno de troca, «pega lá a minha liberdade e protege-me. Protege-me daquilo que eu criei». Este fenómeno aconteceu antes com a religião. Mas a religião agora é o Estado.
Quem está a ganhar com isso?
Ninguem. Os seguranças.? O negócio da segurança? E o negócio da liberdade?
Aliás os seguranças essa figura sinistra criada por uma sociedade ignorante e deliberadamente incapaz, tem sido a estátua dos nossos locais publicos. A figura de cera dos nossos museus.
"O segurança" essa figura admirada, embora museulógica, tem sido o paradigma de uma sociedade que se tornou de repente velha, muito velha, ao esquecer-se da sua liberdade. Porque ninguem lhes ensina; pior, a educação vigente não lhes permite lembrar o que é a liberdade. Nem tem alternativas para isso. fracturou-se em uns são especiais e outros não.
E liberdade é ser. E Ser é ser livre. É o primeiro nome, antes do baptismo, ou do registo.
Um dia um amigo meu contou-me huma historia que ocorreu na sua vida. E ele é venezuelano, onde a insegurança é muito mais grave do que em Portugal. Um dia deparou-se com um assalto á sua casa. E ele só me disse, que primeiro foi um choque, mas depois entendeu que foi um alivio, era como a sua vida tivesse recomeçado de novo. Era como, assim que passada a dor, tivesse sido ele a pedir que lhe assaltassem a casa. E o sentimento de renovação que encontrou não se comparava com nada. Afastada a dor, só lhe ficou a renovação. Era como se tivesse livrado de um passado que ele não conseguia livrar-se. Nem sei porque me lembrei desta história, mas houve sempre nela algo de maravilhoso.

Os criminosos que temos em Portugal são quem?
O do pequeno furto do que não prospera se não pagar o IRS?
E os que não pagam o IRS são menos criminosos dos que fazem um assalto para viverem? Não na qualidade de recursos, não é?
E "comportamento desviante" dos psis é o quê? O assaltante ou o politico que faz negocios ás escuras para empobrecer os contribuintes? De onde sairá mais um adolescente que não pode mais e vai vender haxixe. E ser preso e mediatizado como mais um violento.
Onde começa a corrupção?
Nos oprimidos? Não parece? O crime tem uma origem. E há sempre quem ganha com ele.
Neste momento, não se trata a apenas de combater o crime, mas de combater quem está a ganhar com isso. E isso é um acto de democracia.
Por mim, nunca abdicarei da minha liberdade. Não quero câmaras de vigilância, nem mais policia. Isso é o que o Estado quer que eu queira. Para me retirar liberdades e me sobrecarregar com impostos e, em essencia, reforçar o seu poder, ou inoperância. Como lhe queiram chamar.
Lembrem-se de uma coisa, se querem segurança concedam liberdade aos outros.
Para já, os portugueses que são iletrados, ignorantes e muito mal educados - a não ser caninamente - não lhes resta senão reinvindicar segurança. Apenas porque o poder politico não lhes permite adquirir aquilo que a Constituição lhes prometeu: Paz, pão, saúde, educação.
Reinvidiquem a Constituição, não reinvidiquem segurança.
A culpa do crime não é de ninguém. Mas a responsabilidade pela sua criação é o Estado. A sua corrupção, o seu papel na acentuação das assimetrias sociais, gerou desespero social, e o resultado é esse.
E só o Estado está a ganhar com o crime, porque assim o Estado ganha mais poder, com os cidadãos a abdicarem das suas liberdades em prol da segurança, isto é do reforço do poder do Estado.
Mas isto só gera mais desconexão social, e ganha o "consumo" e os interesses das grandes corporações. E ainda mais desconexão.
A lógica é tão obvia que até dá pena.
Não é por acaso que os interesseiros reinvindicam mais policia, vivem tanto na pequena materialidade que perderam a visão da vida. Da sua liberdade. E o ódio instalado e propagado pelos media como feroz veiculo de propaganda - ridiculo - embora - veemente, em prol de uma parca tese concentracionária.
É uma logica sinistra, antiga, praticada por tendências totalitárias antigas. As televisões têm tido um papel infelizmente inóquo e muito pouco profundo.
Mas as televisões têm uma vantagem, são muito transparentes acerca dos interesses que têm atrás de si. Pelo menos isso.
Os criminosos são como eu. Como você.
E quem sou eu? Quem é você? Senão pessoas a tentarem realizar a vida o melhor que sabem e que lhes é concedido?



Nenhum comentário: