domingo, 27 de abril de 2008

25 de Abril e recentes mitos sociais

Estive a olhar para o 25 de Abril, as suas comemorações. Como olho para a educação portuguesa e olho para no que nisso se tornou. Olho que o 25 de Abril não foi a vitória da democracia - senão não estava no estado em que está. O 25 de Abril foi a vitória das VITIMAS do antigo regime - que hoje são os vilões da democracia. Basta observar o caso Antonio Costa. O elogio de vitimas causa sempre novos vilões, é quase uma lei sociológica. O 25 de Abril, para quem tenha olhos, ouvidos, e pelo menos um dos sentidos fisicos a funcionar é a construcção "mental" de uma pequena sociedade, uma pequena franja social inutil. Uma pequena franja da sociedade que não teve colhões para ser rebelde no seu tempo e hoje reinvindica medalhas e confrarias por isso.
Foram á tropa mas não se rebelaram, foi mais confortavel comer pretas. Foram á tropa porque o soldo lhes garantia aquilo que o país não lhes garantiria, nem eles quiseram fazer por isso. Para mim, todos os militares que foram á guerra foram cobardes. Hoje sabe-se disso. Mas agora querem pensões, e querem que os jovens lhes as paguem. Estão com azar. Pelo menos pela minha parte. Mas tambem pela sua parte porque eles proprios não fizeram nada por isso. Admiro aqueles que foram rebeldes em tempos de guerra, e admiro todos quantos se revoltaram contra o regime de então - como homossexuais, doentes e uma serie de subterefugios que funcionaram - e o de agora.
Mas não admiro as vitimas de um regime ao qual nunca se impuseram. Muito menos o regime que criaram. porque são velhos os que estão nos partidos e no parlamento. Pior, velhos em renovação.
E por isso se auto-criaram como vitimas, e por isso reivindicam pensões que a sociedade lhes deve pagar - enquanto vitimas - por isso. O problema do desemprego é válido, mas não é valido para aqules que espra,m que outros lhes paguem aquilo qiue eles não fizeram.
Eu não alinho nesse esquema. Eu e outros mais. Poucos.
Não sou lider de nada. Nem quero ser. Muito menos de uma geração. Apenas da minha vida, da minha própria vida, não admito por isso lideres sociais ou politicos na minha vida. Nem Cristo. Maomé ou Jeová, Ciencia, Arte ou Cultura ou Ecomonomia, Dinheiro. Ou Valores.
Não alinho no esquema montado de uma geração que quer que os jovens trabalhem para essa geração propagandisticamente vitimizada,- embora exaltem o "ZECA", para mim JOSÉ, AFONSO e o anti-patrão. Não querem patrões mas querem - como patrões geraccionais - que os jovens lhes paguem o seu próprio discurso da vitimização.
Não alinho no esquema velho e velhaco do respeitinho que se se tentou instituir em Portugal. Admiro o Partido Comunista, pela sua coragem de continuar a defender merecivelmente os trabalhadores, - mas não as vitimas do trabalho que escolheram. Admiro o CDS-PP por defender os retornados - mas não como vitimas, que nunca combateram o regime e viveram confortavelmente com ele e até enriqueceram com em ele, mesmo com a descolonização. Não admiro o PSD nem o PS porque não sei qual a razão da sua existência. Quanto ao Bloco de Esquerda espera-se que o Partido Comunista ou alarge a sua área de implementação ou acabe com a ortodoxia - não concordo com Vasco Pulido Valente dizendo que o BE é o resultado das áreas esquecidas do PS. Porque o PS já se esqueceu a si mesmo. O BE é heterodoxia esquecida do Partido Comunista, disfarçada.
Quanto aos mitos do 25 de Abril, já é tempo de haver professores rebeldes sem medo de serem despedidos, que se predisponham a ensinar a história fora do formato dos manuais. Eu fui professor e sei do que falo. E despedi-me Despediram-me, por não alinhar na formatação da educação. Mas a maior parte dos professores ainda vive ao nivel da "sobrevivência", do medinho. Porque este regime não tem mais uma policia ao nivel politico, tem a mais sinistra das policias, a policia informal, a da vigilância informal, como a Mafia exerce em climas em que cria climas em que a sobrevivência estaria ameaçada.
E isso passa na televisão, em obras de artistas. E de energumenos vitimas. Como a comissão dos pais da educação. Vigilantes de supermercados, e toda uma tecnologia de control social e inutil que está a ter os resultados que a economia merece. E já agora, essa geração merece, porque uma economia saudavel é o resultado de pensamentos saudaveis. E pensamentos de merda deram em merda.
O 25 de Abril abriu, definitivamente, para mim, para a minha familia para os meus amigos, para os meus contemporãneos, oportunidades que as gerações anteriores não tiveram - segundo o que estudei. Não foi a minha experiência pessoal á época, porque a memoria que tenho do 25 de Abril é a de um passeio de escola da turma rival ter voltado para casa. Eu lamento que o 25 de Abril se tivesse tornado numa teologia. Num passeio que voltou para casa. Porque uma coisa é a MINHA experiência do 25 de Abril, como uma coisa é a MINHA experiência acerca de Deus, outra coisa é a propaganda acera do 25 de Abril, como outra coisa a propaganda acerca de Deus.
Eu construo a minha vida. È isso que os novos movimentos sociais preconizam. É isso o que os "jovens" têm vindo a dizer. No inquerito da Católica traduz-se assim: não preciso que me digam o que sou acerca de tal facto, mas preciso desse facto. E nesse aspecto a comunicação social tem sido inutil em transmitir factos.
Mas parece que essas vitimizadas gerações se ressentiram com o esquema de liberdade que quiseram criar. Como se um pai quisesse educar o seu filho mas apenas segundo as suas frustrações. Portugal quer criar os seus filhos e as suas gerações segundo as suas frustrações. Portugal não é pai - não é Pátria - nem mãe, - não é Mátria. Portugal é apenas o país onde seres vivos escolheram nascer para se realizarem. E a tarefa de este país é apoiar a realização dos seres que escolheram Portugal para nascer. Ou pensam que se nasce por "acaso" em Portugal. Ou noutro país qualquer? Se pensam. Pensem outra vez. E outra. E outra.
Antes de fazer o juizinho daqueles que querem que vocês sejam escravos e pensem aquilo que eles querem que pensem. Os paises em breve desaparecerão. A Comunidade Europeia já deu um sinal frutifero acerca disso. Os pais desaparecerão e só quem não tem poder se interessa para onde vai o poder. Quem não tem poder continuará a sua vida, e caso curioso, é para aí que vai o poder. Para aqueles que não se interessam mais pelo poder.
O 25 de Abril não devia comemorar tanto as vitimas de um regime que nem sequer foi assim tão importante - embora as vitimas tenham sido - em termos daquilo que o divino está a fazer, embora necessário - porque sem isso as medias burguesias que tanto se escudaram e se confortaram com esse regime nunca se iluminariam.
Quem eram os pais de Barroso, de Sá Carneiro e tantos escudados no antigo regime?. Quantas foram as familias que se escudaram no poder politico o transmitiram aatrvés de ideiais politicas e até revolucionárias só para manterem a opressão familiar?
Vá, já chega de mitos, vitimas e de vilões, é preciso entender o sentido da História. Não o hegeleiano, mas o que cada um constrói acerca de cada vez mais factos iluminados pela história subjectiva, porquee é para isso que a história serve. Não me esqueço dos acanhados brutos que são os alemães por esconderem a sua história recente.
Portugal não tem que assumir nada porque não há nada a assumir. Nem reconhecer. Tem que trabalhar muito na sua história recente, sem psicologismos ou psiquiatrismos, para elucidar o que se passou recentemente nestes cadáveres do 25 de Abril, que pelo menos eu, não quero deixar morrer.
Porque apesar de tudo, e segundo o que estudei, prefiro viver nesta época, ás maravilhas de Salazar, ou ás refomas de Caetano. Ou as alegorias da Monarquia.
Ou das soçluções dos Psis.

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